É impossível falar em tratamento de água sem abordar a questão do sistema de esgoto. Esse também é um ponto crítico em Rio Preto. A maior parte da cidade opera com o sistema de fossas individuais. Mas o Campo, ou Bairro Bom Jesus, sofre há anos com uma fossa coletiva que espalha mal cheiro pela vizinhança. Na última temporada de chuvas, chegou a transbordar.
O fato foi denunciado e tanto a prefeitura quanto a Copanor foram multadas, já que ambas são responsáveis pela “promoção de programas de melhorias das condições de saneamento básico, conforme disposto no art. 23 IX da Constituição da República de 1988 e no art. 11 IX da Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989”, como destaca o Convênio de Cooperação firmado entre o Estado e o Município. “Estamos recorrendo da multa, porque a questão já está sendo tratada”, explicou o prefeito de Rio Preto, João Dumont.
Cientes de que a pendência poderia gerar questionamentos, prefeitura e Copanor parecem estar agora empenhados em resolver a situação. Realizaram, em 01/08/2017, uma audiência pública em que 57 moradores validaram a proposta apresentada pela Copanor. A solução passa pela implantação de fossas individuais com cerca de 1 metro de diâmetro por 3 metros de profundidade.
Segundo o professor da UFMG, doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP, Marcelo Libânio, esse tipo de solução para o esgoto com a construção de fossas é bastante comum e costuma funcionar bem em cidades de pequeno porte.
O prefeito João Dumont informa que o Campo hoje concentra cerca de 10% das residências de Rio Preto, com 208 moradias, e a fossa coletiva está sendo desativada. “Hoje, cerca de 70% das residências do Campo já têm as fossas novas”, comemora.
“Em Rio Preto existe uma preocupação muito grande com o rio e qualquer solução que previsse algum descarte ali sofreria muita resistência. Então a Copanor nos apresentou essa proposta de tratamento estático, com as fossas. Avaliamos como adequada mas, ainda assim, fizemos questão de consultar a população. Só acho uma pena que pouca gente tenha participado. Foi uma oportunidade importante para entender o que passa e tirar dúvidas com os técnicos da Copanor”, comentou João.
Aumento de 30% na conta de água
O investimento para a construção das fossas – valor que o prefeito não soube precisar, mas estimou em mais de R$ 2 milhões – é de responsabilidade da Copanor. Cabe à população pagar pela prestação do serviço. “O custo pelo esgoto será de 30% em cima do valor da conta de água”, explicou João, informando que outras alternativas poderiam gerar um aumento de 90%. As obras ainda estão em curso, com cerca de 18% da cidade atendida, e ainda não há data para o início da cobrança. Também não existe uma data fixada para o término das obras.
Além de construir as fossas, a Copanor deverá cuidar da manutenção e esvaziar as fossas de tempos em tempos. “Leva de 8 a 10 anos para precisar sugar o material”, explicou José Augusto Leão, da empresa Infracom, contratada pela Copanor para realizar as obras. Os trabalhos começaram em setembro de 2017 e ele explicou que os moradores estão recebendo bem. “Apenas 4 pessoas tinham fossas novas e não quiseram a fossa oferecida pela Copanor”, informou.
Em alguns casos, onde não há quintal, as fossas estão sendo construídas em frente às residências e podem avançar em parte da calçada ou da rua. Segundo o prefeito, essa questão foi avaliada e não há risco de desabamento em função do peso de veículos.
“A questão do esgoto é um problema que precisa de solução urgente. É muito importante que a Rio Preto consiga resolver isso o quanto antes”, disse João Dumont.